

A Garupa marcou presença na World Travel Market Latin América 2025, principal evento mundial da indústria de turismo da América Latina.
Thalita Tomazetti, gestora executiva da Garupa, mediou o painel “Turismo Indígena: Experiências Autênticas ou Apropriação? O Papel das Agências na Defesa dos Direitos dos Povos Originários”.
Uma conversa inspiradora sobre o crescimento do turismo indígena, a busca dos viajantes por experiências autênticas, e sobre como esse turismo pode de fato beneficiar as comunidades.
Participaram os líderes indígenas Chief Frank Antoine, da WINTA – Alianza Mundial de Turismo Indígena (Canadá), Gladys Concepcion Colli Ek, da Aldea Maya Xa’anil Naj (México) e Pablo Calfuqueo Lefío, da Lofpulli Turismo (Chile) – todos destacaram a importância da participação das comunidades e da preservação de suas culturas durante o desenvolvimento dos projetos de turismo:
“O turismo indígena no Canadá é tocado pela iniciativa privada, ainda não há protagonismo dos próprios indígenas, mas a WINTA trabalha para que todos os direitos sejam respeitados e reconhecidos. É fundamental que os projetos tenham foco na questão cultural e que as iniciativas não sejam influenciadas por questões externas ou de mercado, para que as comunidades possam compartilhar conhecimento, autenticidade e seus valores essenciais respeitando passado, presente e futuro, unindo todas as nossas gerações. São essenciais, também, o respeito ao que não se pode compartilhar, a preservação de recursos e o cuidado com o meio ambiente.”
Chief Frank Antoine (WINTA – Alianza Mundial de Turismo Indígena, Canadá)
“Existe respeito às comunidades indígenas nos projetos? Em teoria sim, mas isso não se desenvolve de forma integral. Ainda acontecem privatizações de áreas que são indígenas, e nem todas as tomadas de decisão são compartilhadas. Queremos mostrar nossa cultura, nossas origens, fortalecer nossa cultura, compartilhar nossa identidade, proteger nosso território e desenvolver uma economia sustentável. Não queremos oferecer shows, mas vivências autênticas aos turistas.”
Gladys Concepcion Colli Ek (Aldea Maya Xa’anil Naj, México)
“O principal papel das organizações na atividade turística deve ser respeitar as declarações que existem, mas muitas vezes não é o que acontece. É preciso que as comunidades indígenas tomem controle de seu território, do turismo. Mas para isso é preciso capacitação, organização e a capacidade de entregar algo autêntico. Acredito que 4 aspectos precisam ser levados em conta para um projeto de turismo dar certo: a preservação do patrimônio natural e cultural (nem tudo pode ser compartilhado ou comercializado); a atividade política e social (a comunidade é quem sempre deve decidir como e com quem quer trabalhar); o aspecto econômico (precisamos ter o suficiente para viver bem, bem como pessoa, com saúde, espiritualmente, em família); e o aspecto administrativo (toda a organização e implementação da estratégia deve ser adequada com foco na sustentabilidade do projeto, e a relação com agências e operadoras deve estar sempre de acordo com os interesses da comunidade.”
Pablo Calfuqueo Lefío (Lofpulli Turismo, Chile)