Vivenciar por alguns dias o modo de vida de uma comunidade indígena, conhecer aldeias, lugares sagrados, jogos tradicionais e cenários deslumbrantes em uma das regiões com maior diversidade de paisagens do mundo. Esta é a proposta de etnoturismo do povo Haliti-Paresi-MT, que se prepara para receber viajantes em expedições experimentais, em setembro.

Há duas opções de roteiros que percorrem as Terras Indígenas Utiariti e Rio Formoso, nos municípios de Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, no Mato Grosso. Em ambas os visitantes ficarão hospedados nas hati (casas tradicionais) ou em locais para acampamento, e terão à disposição refeições elaboradas com ingredientes locais, combinando receitas tradicionais e regionais. A imersão na cultura Haliti-Paresi é completa, com o conhecimento de mitos e rituais, demonstrações de danças tradicionais, pintura corporal, artesanato – a programação nas aldeias é intensa, e inclui também banhos de rio, trilhas e visitas a cachoeiras.

As expedições experimentais são iniciativas que fazem parte das ações estratégicas para a estruturação do turismo comunitário nas Terras Indígenas Haliti-Paresi. Os visitantes contribuem com a avaliação e o aprimoramento dos roteiros e possibilitam a realização de um intercâmbio entre as aldeias que desenvolvem o turismo – atividade que gera renda, fortalece sua cultura e auxilia na proteção do território.

INSCRIÇÕES

As pré-inscrições devem ser realizadas no site do projeto  (turismohalitiparesi.com.br), com informações detalhadas dos dois roteiros, datas e valores.

PROJETO

O projeto de turismo comunitário é realizado pelas aldeias Quatro Cachoeiras, Wazare, Salto da Mulher, Sacre II, Otyahaliti e Formoso, das Associações Waymaré e Halitinã, Operação Amazônia Nativa (OPAN) e The Nature Conservancy Brasil – com a consultoria da GARUPA e apoio da FUNAI.

HALITI-PARESI

De acordo com dados do Instituto Socioambiental (2008), o povo Paresi (autodenominação Haliti) é um grupo com pouco mais de 2 mil pessoas. Eles falam uma língua da família Arawak, cujo representante mais próximo é o Enawenê-Nawê, falado em território mais ao norte. Os vizinhos mais próximos são os Nambikwara (família Nambikwara) em áreas indígenas ao norte e sudoeste da porção Paresi.

Segundo a tradição Haliti, a humanidade surgiu quando um grupo de irmãos saiu do interior da terra por uma fenda aberta por TOAKAIHOREENOHARETSE, ENORÊ (criador e Deus do Raio) na Ponte de Pedra, formação natural existente no rio Sucuriu-Winã, afluente do rio Arinos. Ao sair do interior da pedra onde viviam, descobriram o mundo externo e todos os rios, animais terrestres, pássaros, árvores e paisagens.

Assim como no mito de criação, a história do povo Haliti-Paresi é marcada por encontros com o “mundo exterior”, desde a passagem com os bandeirantes até o encontro com a Operação Rondon. Eles sempre tiveram que articular com estes “mundos” para se manterem em suas terras – o turismo é mais uma das estratégias encontradas para isso.

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